Destino - Parte II

Conheço alguns tipos de amores.
Algumas paixões duram algumas semanas, até meses. Outros amores duram dois, três, quatro anos. Outros amores não têm datas para começar e nem para acabar, é tudo muito imprevisível, pode ser que dure apenas dias, podemos arriscar até uma vida... Nunca saberemos onde e quando vai passar. Mas sabemos que esses amores improváveis e imprevisíveis mudam a nossa vida. Não que seja único ou perfeito. Mas será eterno enquanto pudermos vivenciar a dor e a alegria de acordarmos apaixonados por mais um dia.

Assim foi, como se o destino jogasse a trilha a ser percorrida por Matheus, agora me parece ser algo tão obvio. Mas como aquele garoto indeciso e frustrado iria perceber todos aqueles pequenos fatos, pessoas, lugares, objetos, cores.
Foi naqueles olhos, ou talvez, no sorriso embriagado que seu destino mudou.

A menina dos olhos cor de céu.

‘Pense Matheus, pense...’
Ficou calculando a maior parte do tempo, esperando uma abertura, uma oportunidade de ficar a sós com Rebeca. Ao mesmo tempo que queria tanto esse momento, tinha medo, medo de conseguir ficar um tempo sozinho com ela. ‘ O que diria para ela? Dãã... Rebeca, eu te amo. Sempre amei. ‘
Soaria um tanto quanto esquisito e assustador.
Se afogava cada vez mais nos copos de vodka, estava assustado no que poderia acabar fazendo. Apesar de gostar tanto assim da garota, o rapaz não se importava em manter somente aquela amizade maravilhosa. Era incrível estar com ela, e o medo de perder tudo isso não deixava Matheus se aproximar mais.
Não agüentou mais aquela pressão sofrida por si próprio e avisou as meninas que iria dar uma volta para ver se encontrava os amigos.
Já bambeando as pernas, entrelaçando entre as mesas foi em direção a pista onde encontrou Pedro dançando sozinho, já em um estado fora do comum.
- E ai Pedro. Sozinho ai? Cadê a mulherada?
- A mulherada está ai, só não estão comigo. – soltou uma risada alta, apesar de o som estar estupendamente alto.
Os dois permaneceram em silencio ao som da musica, e a imagem de Rebeca não saia por um minuto da cabeça do rapaz.
Tomou uma decisão, partiu sem dizer nada ao novo amigo e foi determinado até onde estavam as garotas. Suas pernas bambeavam enquanto andava, parou de frente com as duas moças e hesitou. Parou, congelado, tremulo.
- O que foi Matheus? – perguntou Mariana colocando a mão sobre o ombro do garoto. A principio permaneceu calado. Foi nesse momento que Matheus fez algo que o fez refletir pelo resto da noite. Puxou a mão que estava repousando sobre seu ombro, agarrou firme na cintura da moça apertando-a contra seu corpo, fechou os olhos e deu-lhe um beijo.
Rebeca se afastou e observou o beijo de longe.
Após alguns minutos, Matheus se afastou, fitou a garota que acabara de beijar e permaneceu sem dizer nenhuma palavra.
- Você viu o que acabou de fazer? – disse Mariana confusa.
- Claro, eu sei o que eu faço. – Disse convicto como se soubesse realmente o que estava acontecendo.
- Você esta bêbado. Vai se arrep... – antes que a menina terminasse de falar o rapaz puxou-a novamente pelos braços e beijou-a novamente, agora com mais vontade.
Depois de permanecerem algum tempo sozinhos no lado de fora, onde havia uma sacada enorme que dava de frente com a piscina, levantaram e foram se juntar com o resto dos amigos.
Nesse momento Matheus refletiu no que fizera, estava apaixonado por Rebeca, no entanto conseguiu mais uma vez ser o idiota da noite. Beijou a melhor amiga da garota que achava amar.
‘Idiota...’ – Pensou sozinho.
Levantou da mesa. – Vou ao banheiro – e seguiu até a porta de saída do salão.
No caminho encontrou Daniel agachado no canto, aparentemente vomitando, ou lutando para que isso não viesse a acontecer.
- Cara, eu sou um retardado. Não que eu esteja realmente arrependido. Foi bom, mas... E agora? Ela nunca vai querer nada comigo.
- ahhnnn – resmungava Daniel, bêbado, quase desmaiado.
Analisando a situação em que havia se metido, Matheus chegou à conclusão que seria melhor procurar Rebeca e dizer tudo o que estava acontecendo. Não apenas sobre o beijo inesperado. Dizer também sobre os seus sentimentos, as suas vontades e paixões secretas. ‘ É você quem eu amo. ‘ – pensava aliviado em dizer isso a ela.
Ficou um bom tempo lá fora e quando voltou à mesa já estava vazia, não havia nem vestígios do pessoal por lá. Foi até a pista de dança, escura, procurar pelos amigos.
De longe viu uma garota de costas – a mesma calça, cor de cabelo e cor de blusa. - achei Rebeca. – foi em direção à moça abraçou-a por traz e disse no seu ouvido – Encontrei – mas estava enganado, aquela não era Rebeca.
A moça se virou assustada e sem entender olhou para o rapaz.
O barulho foi embora, Matheus arregalou os olhos e prendeu a respiração. Cada flash de luz revelava os olhos cor de céu que aquela garota tinha.

“Meu Deus, como é lindo...”

Peripécia de um compulsivo!

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" Pierrot apaixonado " . Sou amigo do amigo, irmão do irmão... O que diz e fala. Esboço forte da vida sonolenta. Artista e pintor... Andarilho e amante. ... Talvez, cruzamos os olhares nas mesmas estrelas.